O Banco Mundial reviu hoje em baixa a previsão de crescimento para a economia de Angola, antecipando agora uma expansão de 0,7% este ano, 0,3 pontos percentuais abaixo da estimativa feita em Abril. Para evitar que a economia cresça… para baixo, João Lourenço só tem uma de duas oportunidades, nomear para a Economia João Pinto ou Bento Kangamba.
“E m Angola, prevê-se um crescimento de 0,7%, o que é 0,3 pontos percentuais mais baixo do que a previsão de Abril, e 2,2% em 2020 e 2,7% em 2021″, lê-se no relatório “Africa’s Pulse”, a actualização económica semestral do Banco Mundial para a região.
Sobre Angola, os analistas desta instituição financeira multilateral dizem que “o crescimento deve continuar moderado em 2019, já que a expansão modesta do sector não petrolífero, apoiada pelas reformas para melhorar o ambiente de negócios, é compensada pelo contínuo desempenho abaixo do potencial do sector petrolífero, devido aos poços em envelhecimento”.
Refira-se que esta análise não levou em conta a obra-prima do mestre João Lourenço que, ao nomear Archer Mangueira para governador do Namibe, vai transformar o deserto no novo celeiro de Angola.
O crescimento, acrescentam, “deverá recuperar gradualmente à medida que o novo investimento ajude a equilibrar as dificuldades do sector petrolífero”, o que acontecerá certamente com o simples facto de o Governo ter contratado Vera Daves, a maior perita do reino (do MPLA) para a pasta das Finanças.
No relatório do Banco Mundial, divulgado nas vésperas da realização dos Encontros Anuais em Washington, afirma-se que “o crescimento geral na África subsaariana deverá aumentar para 2,6% em 2019, o que compara com os 2,5% em 2018, 0,2 pontos percentuais inferior à previsão de Abril”.
De acordo com os analistas, “o fraco desempenho das três maiores economias da região – Nigéria, África do Sul e Angola – pesou no crescimento geral: “A recuperação nestas economias manteve-se fraca e está a pesar nas perspectivas da região”.
“Na Nigéria, o crescimento do sector não petrolífero tem sido lento, enquanto em Angola o sector petrolífero manteve-se fraco, e na África do Sul a pouca confiança dos investidores está a pesar na actividade económica”, acrescentam.
A edição deste semestre do principal relatório da instituição sobre África inclui secções especiais sobre a aceleração da redução da pobreza e a promoção da afirmação das mulheres: “O ’empoderamento’ das mulheres é o caminho certo para impulsionar o crescimento. Os decisores políticos africanos enfrentam uma importante escolha: manter tudo como está ou dar passos deliberados para uma economia mais inclusiva”, disse o vice-presidente do Banco Mundial para África, Hafez Ghanem.
Com dupla nacionalidade, egípcia e francesa, Hafez Ghanem é vice-presidente do Banco Mundial para a Região de África desde 1 de Julho de 2018, sendo especialista em desenvolvimento há mais de três décadas, gerindo actualmente uma carteira regional activa de mais de 600 projectos orçados em 71.000 milhões de dólares (62,9 mil milhões de euros).
Antes da sua nomeação como vice-presidente para a região africana, Hafez Ghanem desempenhou idênticas funções para a região do Médio Oriente e Norte de África de 2015 a 2018.
Em 24 de Setembro de 2018, o Governo angolano pediu à instituição Cooperação Financeira Internacional (ICF na sigla inglesa), do Grupo Banco Mundial (GBM), para abrir um escritório de representação em Luanda, assunto que ainda não está decidido.
A indicação fora avançada na altura pelo vice-presidente do ICF para África e Médio Oriente, o economista português Sérgio Pimenta, numa conferência de imprensa em Luanda, em que indicou que o pedido de abertura de um escritório de representação em Angola coincidiu com a inédita nomeação de um responsável da instituição para toda a África Austral, o queniano Kevin Ndjirai, que irá gerir os dossiês da região a partir de Joanesburgo.
De qualquer forma, acrescentou, o Banco Mundial, com quem a ICF tem mantido uma colaboração regular em mais de 120 países, já tem uma representação em Angola, país que é um dos 184 accionistas do BM.
Na ocasião, o economista português indicou ter-se deslocado a Angola para avaliar como a ICF pode apoiar o desenvolvimento de Angola, através sobretudo do apoio ao sector privado, com o objectivo de diversificar a economia angolana, ainda muito dependente do petróleo.
No seguimento da estratégia ligada à agricultura, acrescentou, está também em estudo a possibilidade de o ICF apoiar o financiamento de logística e transportes, sector que envolve muitos outros subsectores, uma vez que a população tem de conseguir escoar a produção agrícola e industrial.
Segundo Sérgio Pimenta, em 2017, o ICF investiu 23.000 milhões de dólares em vários projectos em todo o mundo, com a África subsaariana a registar, no mesmo ano, e pela primeira vez, o maior volume, que atingiu os 6,2 mil milhões de dólares.
“Ainda é cedo para falar de números em relação a Angola. Estamos a começar. O nosso ano fiscal começa em Junho, pelo que ainda é cedo”, insistiu, manifestando-se, porém, optimista em que Angola poderá obter bons financiamentos do ICF.
Mais do mesmo e os milhões a jorrar
Recorde-se (é um mero exemplo) que Angola fechou no dia 19 de Julho de 2018 dois financiamentos, no total de 280 milhões de dólares (239,5 milhões de euros), atribuídos pelo grupo Banco Mundial, adicionais ao segundo Projecto de Desenvolvimento Institucional para os sectores da água e da agricultura comercial.
Pouco antes, em Fevereiro, o BM já tinha financiado outros 70 milhões de dólares (56,4 milhões de euros), para reforço da construção de infra-estruturas básicas sociais, designadamente hospitais e postos médicos, bem como residência para enfermeiros e professores.
O acordo de financiamento foi rubricado em Luanda, entre o então ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, e o representante do Banco Mundial em Angola, Olivier Lambert.
Na sua intervenção, Olivier Lambert referiu que o financiamento adicional de 150 milhões de dólares (128,3 milhões de euros) vai contribuir para aumentar a cobertura do serviço de abastecimento de água e nove cidades, Lubango (província da Huíla), Ndalatando (Cuanza Norte), Dundo (Lunda Norte), Luena (Moxico), Cuito (Bié), Huambo (Huambo), Malange (Malange) e Uíge (Uíge).
Trata-se de um financiamento através do International Bank for Reconstruction and Development (IBRD), do grupo Banco Mundial, e visa ainda alargar as actividades de apoio e reforço institucional ao subsector do saneamento, através da implementação de um projecto-piloto, sendo beneficiários 1,2 milhões de pessoas nas nove cidades citadas, com serviços públicos de ligação de água domiciliária.
No que se refere ao Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial, Olivier Lambert disse que os 130 milhões de dólares (111,2 milhões de euros) vão contribuir para o aumento da produtividade e o acesso ao mercado dos beneficiários elegíveis ao longo dos corredores rodoviários Luanda-Bengo-Cuanza Norte-Malange e Luanda-Cuanza Sul-Huambo e norte da Huíla, principais elos de ligação da área agrícola do planalto central aos mais importantes mercados urbanos de Luanda.
“Para além da assistência técnica e do apoio financeiro aos agricultores elegíveis e às pequenas e médias empresas do sector das agro-indústrias nas áreas do projecto, este apoiará as infra-estruturas rurais e um ambiente favorável à agricultura comercial”, referiu o representante do Banco Mundial em Angola, salientando que este projecto deverá dar um forte contributo para a agenda de diversificação económica que, há décadas, o Governo promete implementar.
Segundo Olivier Lambert, este projecto conta ainda com o co-financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento, um empréstimo de 79 milhões de euros.
Por sua vez, o então ministro das Finanças, Archer Mangueira, disse que o financiamento ia ajudar o país, que enfrenta o grande desafio da diversificação da economia, ma medida em que são projectos que estão enquadrados no Plano Nacional de Desenvolvimento 2018-2022.
Archer Mangueira salientou que com estes projectos estavam a ser seguidas premissas do Estado, no sentido da captação de financiamentos externos, para colmatar o défice existente de poupança interna.
“Vamos agora pedir aos sectores para que implementem esse projecto com rigor, que criem também capacidades institucionais, que permitam uma gestão eficiente dos recursos que serão postos à disposição”, frisou.
Folha 8 com Lusa